A utopia do Natal


Quando a ciência descobriu que Jesus muito provavelmente não nasceu a 25 de dezembro, o marketing teve que inventar outra história para manter a tradição popular: O Pai Natal

Assim podemos todos manter esta bonita egrégora de paz, amor, esperança e celebração, com muitos presentes e festas em família, nesta altura do ano.  Mesmo que durante todo resto do ano se favoreça a competição, a luta, o stress de cumprir horários e planos de carreira para tentar subir ou apenas sobreviver na pirâmide hierárquica do sistema, esta é uma época de abrandar e religar ao espírito humano mais divino que há em todos nós e naqueles que nos cercam, nos diversos reinos e em conexão com os elementos da Natureza.

A data pouco importa.

Curioso que não se sabe o dia e mês do nascimento daquele que é o responsável pelo início do calendário gregoriano. O ano zero ou o ano 1 depois de Cristo é afinal o quê? Há estudos que apontam que Jesus nasceu 6 ou 7 anos antes do ano zero. E mesmo que tivesse nascido a 25 de dezembro do ano -1, teríamos 6 dias antes do 1/1/0000. Ou seja Cristo teria nascido 6 dias aC (antes de Cristo). Que grande confusão!

Parece que a Igreja, e bem, inventou esta data de 25 de dezembro para se colar aos cultos relacionados com os ciclos da Natureza próximo do solstício de inverno que representa o início do crescimento dos dias em relação às noites, no hemisfério Norte. Mas esqueceu-se que no hemisfério Sul é exatamente o contrário. O Natal é o início do crescimento das noites em relação aos dias.

Com todas estas contradições sobre a história do nascimento de Jesus, com os Reis Magos que trouxeram os presentes para lhe entregar na mangedoura onde estava Maria, José e toda a simbologia do presépio, o Natal ficaria ameaçado de falsidade sobretudo à medida que, com a invenção do livro, e mais tarde da internet, o conhecimento histórico, científico e religioso, passou a estar à disposição de toda a gente.

Além disso, outras religiões com outras histórias começaram a ser mais conhecidas da sociedade cristã. Segundo a wikipédia o Cristianismo, apesar de liderar, representa apenas 31,2% da suposta verdade humana sobrenatural. 

Cristianismo (31.2%), Islamismo (24.1%), Irreligião (16%), Hinduísmo (15.1%), Budismo (6.9%), Religiosidade popular (5.7%), Siquismo (0.29%), Judaísmo (0.18%).

Estavam assim criadas as condições para o aparecimento de uma outra história que salvasse o Natal. Foi então que uma das maiores empresas do mundo de refrigerantes com provavelmente o maior orçamento e a maior criatividade de marketing foi buscar a história do São Nicolau de Mira, dito Taumaturgo (fazedor de milagres), também conhecido como São Nicolau de Bari, que é o santo padroeiro da Rússia, da Grécia, da Noruega e de Beit Jala, na Palestina, o vestiu de vermelho e branco, com barbas brancas e o transformou numa das figuras mais populares do mundo, sobretudo das crianças: o Pai Natal. 

Mais uma vez se juntaram elementos próximos da Natureza como as renas, os elfos e a magia da neve e da árvore iluminada e com uma estrela no topo.

E a lógica dos presentes que por tradição sempre se deram às crianças na altura do Natal podia manter-se e até alargar-se também aos adultos, criando assim o expoente máximo do consumismo da nossa sociedade ocidental e cristã.

Independentemente da base económica, que é boa para as empresas e negócios familiares, e de entrarmos nesta programação social de comprar euforicamente todo o tipo de coisas, esta é uma boa oportunidade de trocarmos palavras carinhosas de esperança com aqueles que mais gostamos, connosco mesmos e também, porque não, com todos os outros. Como diz a bíblia somos todos filhos de Deus. Se desligarmos o nosso robô, pensarmos um pouco e nos conectarmos com o nosso Eu interior, o nosso Ser Superior, chegaremos à verdade profunda de que nós, de algum modo, somos todos Jesus. 

E podemos fazer milagres.

E ser cada vez melhores, jamais fazendo aos outros o que não gostamos que nos façam a nós.

Celebremos a utopia do Natal. 

Celebremos o nosso (re)nascimento. 

De preferência, todos os dias do ano.

Feliz Natal

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